Acordo sombrio - G. Benevides

 


Primeiro, devo dizer que não tenho muita experiência com monster romance. Então, minha análise é puramente pessoal.

A despeito dos inúmeros avisos e disclaimers dados pela autora, o livro não é apenas pega-pega. Tem uma história. Nada demais - e, ainda assim, é uma história.

Klaus é um mocinho atormentado, que foi rejeitado pelos parentes por ser diferente. Bem ao estilo "The Originals". Mataram os pais dele, ele foi torturado, é atormentado e pá e coisa.

Tem uma família de "monstros" ricos e admirados pelos humanos. Dark Elfs, que não são nada parecidos com os elfos das autoras atuais de fantasia. Mas vamos lá.

Ele contrata uma menina com problemas financeiros e de auto-estima - Karina - para ser sua acompanhante por uma semana, e o objetivo dele é fazê-la seduzir o primo para o primo entrar no cio para o primo se apaixonar por ela para o primo ser desprezado pela família e perder tudo o que tem.

Ocorre que, é claro, ele vai se apaixonando pela rapariga.

Alguns pontos me incomodaram mais do que as cenas de pega-pega monstro-humana. 

A primeira é uma incoerência. A autora descreve Klaus como um ser bestial, feral etc e tal (rimou!), mas, a despeito de ele repetir territorialidades e pá e coisa, a despeito de afirmar toda a atração que sente pelo "cheiro de medo" dela, ele não abandona a ideia de entregá-la ao primo - tarado, porque ainda não entrou no cio, ou algo assim.

A segunda não é uma incoerência, mas uma cagada. Mais da metade do livro pra frente, a autora "entrega" o que deveria ser a grande surpresa do final. Ela simplesmente não precisava ter colocado a tal "profecia" para explicar o fim. O livro perdeu a graça dali em diante.

A terceira é a fraqueza da protagonista. Ela merecia ser mais bem trabalhada, especialmente em um romance narrado em primeira pessoa. Faltou um plus na mocinha plus. Sim, é claro que a insegurança dela é evidente. E ok. Porém, faltou a virada de transformação, o momento em que a jornada passa a ser da heroína e deixa de ser da vítima. Não ocorreu. Pelo contrário. Ela seguiu se mostrando fraca até o fim.

É um livro enorme para uma história que não precisa de tantas páginas para ser contada. Pulei trechos inteiros, fazendo uma leitura dinâmica típica de quem quer ver se algo vai mudar.