Esse é o terceiro livro da série "A lenda dos quatro soldados" da Elizabeth Hoyt. Confesso que não li os dois primeiros - peguei esse no Kindle Unlimited -, mas vou ler com certeza.
O diferencial desse livro é um mocinho totalmente desfigurado, literalmente sem um olho e alguns dedos. E a mocinha um pouco mais velha do que o normal, mãe de duas crianças pequenas.
O mocinho não era soldado, mas um botânico que foi para a América registrar plantas e espécies. Lá, foi capturado com o regimento que acompanhava e torturado. De volta à Escócia, se escondeu no castelo da família - contando apenas com um criado mau humorado e cretino.
A história começa com a mocinha, Helen Fitzwilliam, que está fugindo com os dois filhos. Com a ajuda de uma viscondessa (Vale, que eu acho que é a protagonista de livros anteriores) ela surge na porta do castelo de Alistair Munroe para o cargo (inexistente) de governanta.
A despeito de ele ser chato e recluso, não demora a ceder à presença dos novos convidados.
O livro tem momentos emocionantes - como a passagem da cadela gigantesca. E as crianças são a cereja do bolo. Além delas, a irmã de Alistair e sua amiga foram um acréscimo bem-vindo. Suponho que fossem amantes, e suponho que a relação delas não fosse tão incomum.
"Muitas pessoas acham que coragem se trata de um único ato de bravura no campo de batalha, algo feito sem qualquer prudência, sem qualquer consideração sobre as consequências. Um ato que acaba em um segundo ou um minuto, no máximo dois. O que meu irmão fez, o que faz até hoje, é viver com esse fardo há anos. Ele sabe que passará a vida inteira assim. E segue em frente. Para mim, isso é coragem de verdade."
Achei que, para um homem cheio de complexos e constantemente vítima de olhares tortos, e para uma mulher com o trauma de ser sempre o objeto de outro homem, eles cederam rápido demais. Achei que faltou um tempo de resistência, temores e tentações. Como sempre, as cenas hot de Elizabeth Hoyt são maravilhosas.
Algumas palavras usadas na tradução ficaram pesadas no livro - mijar é uma delas. Não combinou.
Senti falta de entender o que foi feito da bandeja de prata roubada. Mas talvez tenha sido apenas uma forma de introduzir o caráter do personagem, que até então era apenas um velho constantemente bêbado e ranzinza.
Essa série é toda embasada em lendas - essa é a do "Contador de Verdades" -, mas não achei exatamente relação com a história em si. Sem problemas com isso.
A descrição do castelo é maravilhosa - me lembrou bastante a descrição de Bram Stoker em Drácula. É uma descrição com detalhes que fazem o leitor "entrar na cena".
"O antigo castelo se agigantava adiante, inabalável e silencioso. A construção principal era um retângulo atarracado feito de pedras gastas em um tom pálido de cor-de-rosa. Nos cantos superiores, torres circulares altas se projetavam das paredes. Diante do castelo havia uma espécie de caminho que um dia foi pavimentado com pedras, mas agora se mostrava desnivelado, cheio de ervas daninhas e lama. Algumas árvores o ladeavam, lutando contra o vento cada vez mais intenso. No fundo, montanhas pretas se estendiam pelo horizonte que escurecia."