O Príncipe Leopardo - Elizabeth Hoyt


A Inglaterra do século XVIII é muito mais revolucionária que a do século XIX. Pelo menos é o que as autoras do século XXI imaginam.

O protagonista desse livro, para meu deleite, também não é descrito como o conjunto da beleza máscula viril, forte e imaculada. Falta-lhe um dedo, sobram-lhe algumas cicatrizes e, especialmente, cresceu com uma vida sofrida. Georgina recebeu uma fortuna da falecida tia. Uma daquelas fortunas não vinculadas a nada que todos nós - todos nós, homens e mulheres - gostaríamos de receber.

Certo dia, misteriosos assassinatos de ovelhas a fazem deixar Londres em direção a uma de suas propriedades. Lá, acompanhada de um não assexuado administrador, passa a viver aventuras e sentir os calores próprios às inocentes moças perto dos viris rapazes suados. De fato, os nobres engravatados almofadinhas não parecem mais agradar como, imagino, agradassem na época.

A tradução escorreita me levou a procurar o original em inglês para descobrir se, de fato, uma certa palavra imprópria - típica da juventude brasileira - foi realmente escrita pela autora. Não foi, infelizmente.

Georgina se entrega ao administrador, que tem um passado obscuro com um cretino infeliz vizinho da moça. Aliás, a própria descrição em um dos primeiros capítulos sobre a forma como tratavam seus animais deixou muito clara a diferença entre os dois homens.

A falta de alguns links narrativos ulula e não é exatamente preenchida pelos flashes de imaginação do protagonista no cativeiro - as associações entre o que está vivendo e a história do Príncipe Leopardo. É tudo bonitinho e tal, mas faltam informações: por que o cretino liberou o moço? Alguém me conta?

O livro pede um café e bolo em um dia de chuva, e nada para atrapalhar. Gostei bastante.

A ponta do Príncipe Corvo e do Príncipe Serpente no final da obra é simpática, ainda que inútil. Serve apenas para referenciar a trilogia, nada mais. O papel de bastiões da honra poderia perfeitamente ser cumprido pelos irmãos de Harry.

A trilogia, datada dos anos de 2006/2007 demorou muito a chegar no Brasil e ganhou um quarto título em 2010 (The Ice Princess), que ainda não foi lançado no Brasil.

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