Um toque de ruína - Scarlett St. Clair

 


Depois de ler "Um toque de escuridão", não resisti em mergulhar no segundo livro da série de Hades e Perséfone. Entretanto, na metade do livro eu queria matar a protagonista. Explico.

Perséfone vive suas voltas com suas inúmeras inseguranças quanto a Hades, momentos quentes com Hades, repórteres,  momentos quentes com Hades, brigas com Hades, momentos quentes com Hades e por aí vai. Hades é maravilhoso e, honestamente, muito mais humano do que qualquer outro personagem.

Mas vamos à Perséfone.

Ela quer se provar independente - traumas maternos do livro 1 - e a gente até acha que ela vai conseguir, mas chafurda na própria melança, faz um monte de besteiras, estoura como uma criança birrenta e, bom, vive momentos quentes com Hades. #invejei

O deus tem inúmeros segredos. É milenar, pelo que entendi, e não dá pra resumir tudo o que ele fez e conquistou em seis meses de namorico. Especialmente ante aos tanto - tchararã - momentos quentes com Perséfone e pouquíssimo bate-papo. Então, ela cobra que ele seja sincero, mas toda vez que se vêem (com ou sem raiva) terminam embolados e conectados.

Perséfone escreve uma reportagem sobre Apolo. Por quê? Sabe-se-lá. Ela diz que é pra fazer um exposed já que ele mandou a amiga dela embora porque não quis "momentos quentes com Apolo". O que dá a entender é que ela acha que sua caneta de repórter inexperiente tem o grande poder de resolver os problemas dos outros. Porque, convenhamos, o problema é da amiga-oráculo, e não dela.

De mais a mais, há formas e formas de exposed. Ela mesma poderia se expor e assumir que é a Deusa da Primavera.

Mas vamos lá.

Voltando... Perséfone escreve sobre Apolo, Hades compra a briga com o sobrinho e lhe promete um "favor" em troca de não castigar Perséfone, o que talvez fique de gancho para um livro futuro - porque não apareceu nesse.

Descobrimos o motivo de Apolo e Hades se odiarem, descobrimos a amante de Hades (uma delas, é claro, porque o homem é milenar como já dissemos e não celibatário - "momentos quentes com Hades" é a prova).

A amiga dela, Lexa, sofre um acidente e fica na beirada da morte. Como era de se esperar, Perséfone tenta fazer Hades trazer a amiga dela de vola. O cara diz que, para isso, precisaria negociar com as Moiras pela vida de outra pessoa. Perséfone - que, como eu disse, precisa ser ela mesma expose - não liga para isso. Afinal, a vida dos outros é besteira perto da vida de Lexa.

Depois de momentos quentes com Hades, ela procura Apolo, logicamente.

A confusão toda é essa. Mas, honestamente, Perséfone se mostra imatura demais em quase todo o livro. Eu entendo que ela ficou trancada X tempo na estufa da mãe, mas ela já mora há 4 anos entre os humanos, já tem casa, faz faculdade, trabalha. Convenhamos, já deu pra entender as coisas, não?

A mãe dela é, como sabemos desde o livro 1, uma cretina sem eira nem beira. Deméter fica perdidinha quando  perde sua filha da gaiola de vidro, e nutre uma raiva inexplicada por Hades. Muitas vezes, cheguei a imaginar que ele tinha rejeitado ela no passado e, honestamente, ainda não descartei a hipótese.

Ah! Faltando uns dois capítulos, ocorre uma cena que foi, no mínimo, desnecessária com Píirito (ou Pirítoo). Uma forçação de barra, na minha humilde opinião, com relação ao rapto de Perséfone (que, na mitologia, foi raptada pelo próprio Hades).

A mensagem do livro é clara: todo mundo - deuses e humanos - são falhos. Para Perséfone, entretanto, ela mesma não é. O que é um paradoxo, considerando todas as inseguranças que ela tem com relação a Hades.

E aí eu chego no meu ponto: a personagem é uma incoerência ambulante.

Hades quer empoderá-la, Lexa quer empoderá-la, todos do Submundo querem empoderá-la. Mas o problema de Perséfone está longe de ser esse. Ela já se acha a dona da razão. Ela não precisa de empoderamento. Precisa de maturidade. E de autocontrole. E de um espelho.

Na mitologia, ela se torna a dualidade luz e sombra. Passa metade do ano no mundo humano fazendo flores e a outra metade, no submundo como uma deusa sombria - é a explicação mitológica das estações do ano. Na história desse livro, ela se divide entre os dois mundos também.

Ah! Hades e Perséfone tiveram uma filha - Macária, Deusa da Boa Morte. Será que Scarlett St. Clair vai mencionar isso em livros futuros?