Guerra - Laura Thalassa

 



Depois de outras leituras no meio, voltei para a série de Laura Thalassa - "Os quatro cavaleiros". A resenha do livro 1 ("Pestilência") pode ser lida aqui.

A resenha tem spoilers!

10 anos depois do romance de Pestilência e Sara, encontramos uma Palestina devastada. Lá, Miriam vive sozinha, ocupando-se de sobreviver e fazer armas.

Certo dia, ela dá de cara com Guerra - e o moço diz pra ela: "vamos pra casa, esposa". Ou algo do gênero. Assustador? Nhé... nem é, né?!

Assim como seu irmão, Guerra é lindíssimo. Dessa vez, usa kohl - pra combinar com a região. Aliás, a autora repetiu muitas vezes essa informação.

Miriam vai meio arrastada para o acampamento militar de Guerra, onde ele mora com todas as pessoas que lhe juram lealdade - mulheres e os guerreiros fobos (exército humano do Guerra).

Aos trancos e barrancos enemies to lovers, os dois vão se enfrentando e causando uma grande fissura no acampamento - porque ela o enfrenta, mata fobos, tenta fugir, pinta e borda e Guerra sempre passa a mão. É claro. É a esposa.

A autora trabalhou extremamente bem a visão da guerra e conseguimos sentir raiva do Cavaleiro do Apocalipse por boa parte do livro - ainda que eu tenha sentido mais raiva de Miriam e seu "coração mole".

Assim como a Sara do primeiro livro, Miriam também cede aos próprios sentimentos e consegue transformar o coração duro do mensageiro de Deus em uma grande massa falha e humana. 

Achei bastante interessante o trecho em que ele explica que é o único dos Cavaleiros que é basicamente fruto do coração humano. Doenças, fome e morte, de fato, são possíveis em qualquer espécie viva - animal e vegetal. Mas o anseio bélico é tipicamente humano. Nunca havia parado pra pensar nisso.

Guerra fala línguas vivas e mortas (ponto pra criatividade de Laura Thalassa e para a pesquisa que fez), e Miriam o entende. Honestamente, não consegui entender a questão da rendição da cicatriz dela - e como exatamente isso a liga ao Cavaleiro. 

A história é boa, com descrições às vezes cruas que - possivelmente por opção da autora - nos fazem prender o fôlego. O Guerra deu de 10 a 0 no irmãozinho no quesito "fogo no parquinho" e ganhou também na parte em que lidou com as consequências de seus atos.

Não gostei tanto desse, entretanto. Eu sei que é um livro de fantasia, mas a morte do Guerra e da Miriam, no final do livro (na parte do "descobri que amo você e o que faço agora?") foram bem forçadas. Talvez - só talvezzzzz - a mocinha não precisasse ter sido esquartejada, né?!

Infelizmente os outros 2 livros da série ainda não foram publicados em português - mas, felizmente, já estão disponíveis em inglês pelo KU. Santo KU!