Dia de reposta da primeira vez que li "O visconde que me amava", lá nos idos de 2016... Lembrando que é resenha do livro e não da série de TV.
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Chegou aos ouvidos desta editora' que a história de Anthony Bridgerton e Kate seria arrebatadora, como é típico das mulheres da série. Ambientado no século XIX e escrito no século XXI, nada mais cool do que pensar em mulheres fortes indo contra os valores rígidos do Romantismo. Preciso, desde logo, dizer: não imagino que fosse comum que um noivo lhe abaixasse o vestido antes do casório - e vou colocar na conta da liberdade criativa de Quinn (será?).
Esse segundo livro da série que carrega o sobrenome de Anthony segue a fórmula dos demais.
Kate, filha mais feia de Mary, nem era tāo feia. Suas curvas sinuosas encantaram o Visconde - ou foi o desafio das curvas da "estrada de Santos" que o fez nunca mais parar. A moça é espirituosa e complexada, especialmente por viver à sombra de sua irmā de nome engraçado, e assombrada pelo quase inexplicável (mas bem conveniente) medo de trovōes e relâmpagos. Solteirona encalhada aos 20 anos, na verdade é enteada da carinhosa māedrasta Mary, e assumiu o papel de 'juíza dos pretendentes' de sua irmā. Kate é, por assim dizer, forte e muito esperta - ainda (e por isso) que tenha se acomodado com a medalha de prata da família. Afinal, ser sempre a mais cobiçada é ruim porque... (complete a frase com um dos muitos motivos).
Anthony é o primeiro Bridgertone - filho de uma violeta simpática (Violet) com um Edmund que morreu de picada de abelha. A coisa é tāo espantosa que Julia Quinn se viu compelida a uma bonitinha explicaçāo no final do livro. Sim, Julia, entendemos que você ama o seu marido mas se apaixona reiteradamente pelo Sr Darcy (da inspiradora Austen). Também sabemos que picada de abelha pode matar. Mas mais do que isso: entendemos que a autora quis deixar clara a natureza excepcional do evento para (nāo) justificar o medo do rapaz de morrer jovem.
Anthony, velho com seus 30 anos, resolveu casar. Lindo, sedutor, canalhāo e patife (fórmula do cretino) é honesto, família, educado e gente boa. Areia movediça pronta pra Kate. A moçoila luta, mas atola na lama cretina e não sai mais.
Dentre os requisitos da futura noiva do partidão arrasa-corações: uma moça atraente por quem fosse impossível se apaixonar. Viu o pitéu que era a irmā de nome engraçado e descobriu que precisaria convencer Kate, a irmā mais velha legal e prafrentex.
Complexos em comum, o amor é lindo e, lógico, se apaixonaram. Antes deles descobrirem isso, 'já havia chegado aos ouvidos dessa editora' que estavam se amando.
Confesso que eu preferia que ele simplesmente a tivesse "pedido" em casamento, mas tudo bem. Desculpo o cretinalha. Meu pé entrou no atoleiro também.
5 horas grudada no livro, fiquei feliz. Leve, engraçadinho (nāo tanto como o Bridgerton 1) e fácil de ler. Um romancezinho mamāo-com-açúcar, perfeito para a quinta-feira de uma insone.
Ah! Só pra lembrar aos queridos leitores que se interessaram pela crítica do livro 1 ('O Duque e Eu') e para avisar aos que nāo o fizeram ainda (clique aqui), cada capítulo é marcado por crônicas bem humoradas de uma jornalista desconhecida, a quem copiei no início dessa crítica. Como todos de Londres (onde moram os personagens), adoro a coluna.
PS: Kate não parece em nada com a moça da capa.