Os cadernos da filha do barão - Lygia Camelo Santiago

 


Saindo de uma série de pequenos contos hot, peguei um livro de época, classificação livre, de uma das autoras nacionais que costumo recomendar - Lygia Camelo Santiago.

Em primeiro lugar, "Os cadernos de filha do barão" é um livro que dá pra entender sem precisar ler "Como não perder o duque", o livro 1 da série "Segredos Vitorianos".

Eris é filha de um barão, meio séria e caladona, que já está na segunda ou terceira temporada sem um pretendente. Ela anda com um caderninho desde que aprendeu a ler e escrever, onde faz notas aqui e acolá com crônicas ao melhor estilo Lady Whistledown (da Julia Quinn). Não as publica, todavia. 

Além disso, é inteligente demais para aceitar qualquer porcaria de marido. Prefere ficar solteira. "Antes só do que mal casada". Certíssima.

Certo dia, ela briga com alguém em um baile e perde o caderninho.

Quem encontra é Harvey, um advogado que assumiu as dívidas do irmão mais novo. Duro que nem um coco, ele precisa de dinheiro. Nada mais providencial do que vender textos bem escritos para o jornal de um casal de amigos. Ele faz pequenas correções (uma espécie de preparação) e manda ver. Honrado? Não. Mas a gente vai perdoando ele ao longo da história.

Em tempo: é bem legal ver personagens de livros anteriores aparecerem aqui e ali. Ponto pra autora - histórias bem costuradas, não perde o ritmo nem as características do duque e sua esposa.

Voltando. Eris vira no diabo quando "se lê" no jornal. Como não sabe quem escreveu, fica meio sem saber o que fazer. Ela podia ter ido confrontar os editores, mas teria que revelar sua identidade. Enfim, as amigas delas descobrem que foi Harvey. Começa um inimigos-a-amantes bem gostosinho de ler.

Lygia tem uma escrita elegante - já falei isso aqui - e seus livros são muitíssimo bem construídos. Uma brisa fresca muito bem vinda.

Eris é coerente com suas inseguranças, as conversas são inteligentes e o advogado se vê enredado.  

A dona do jornal convence Eris a continuar publicando e, depois de refletir, ela aceita. Harvey se mete na história e se contrata como advogado-intermediador. Tudo pra ficar mais perto dela. Fofinho.  Aos poucos, o casal começa a trocar cartas e ela se percebe envolvida também.

Masssss o pai da mocinha quer casá-la com um tipão - amigo dela, inclusive. A essa altura, Harvey já está no modo "ela é minha e ninguém tasca" e enfrenta o futuro sogro. Corajoso e meio burro, mas ok. O pai cabeça-de-azeitona coloca a mocinha pra fora de casa e Harvey a pede em casamento. Ela nega e faz o cara praticamente rastejar. É jovem, mas bem resolvida. Adorei - e senti pena do Harvey, a despeito de não ser exatamente apreciadora de bigodes.

Fiquei presa no livro e arrumei desculpas pra ler "Só mais um capítulo e eu apago a luz", "estou cansada e vou ficar sentadinha um pouco" e "preciso ir ao banheiro de novo". Entendedores entenderão o que é pegar um livro e querer saber o final. 

Fica a minha pergunta pra autora: quando o pai dela vai se dar muito mal? Queremos um próximo livro com ele falido indo pedir ajuda ao advogado e dinheiro pra filha riquíssima. Sim, porque ela vai ficar riquíssima. Eu espero. ;)

Disponível no Kindle Unlimited.