With you 2 - Heaven Race


Depois de devorar o 1 e dar 5 estrelas no meu caderno, parti para o 2. Confesso que estou um pouco decepcionada. Só pra ilustrar, não consegui nenhum quotezinho pra contar história.

Cloud e Ash seguem com seu namoro fake que, honestamente, de não tem fake porque no dia 01 ele já tascou-lhe um beijão, no dia 02 já agarrou a mocinha embaixo do lençol com os amigos no mesmo cômodo, no dia 03... Deu pra entender? Fat é que, a partir daí do primeiro beijo de verdade, o mocinho seduziu a mocinha a passos decididos, aplicados e firmes. Firmes. Firmes.

Infelizmente, 70% do livro foi nessa embromação de vai-não-vai. Quer dizer, ela segue dizendo que o namoro é fake, o cara tá cansado de saber que não, o povo que anda em volta é cego e surdo e, bom, caímos numa inverossimilhança narrativa bem chatinha.

Tirando as cenas hot - que esse livro tem muitas -, o ápice do livro foi a visita à avó de Charles. Chorei. Muito triste mesmo. E, como se trata de Alzheimer, a mesma questão discutida no livro do Nicholas Sparks que é novamente repetido em excesso ao longo da narrativa, fico me perguntando se essa é uma questão pessoal para a autora. Se for, sinto muito. Deve ser realmente muito difícil para a família.

Ash é príncipe, um desses mocinhos indefectíveis. Respeita a melhor amiga, é apaixonado há quinze anos, faz uma declaração de amor completa e, bom, é do tipo de personagem que faz as meninas elevarem seus padrões amorosos. Perigo, queridas, abram os olhos para o que está no mundo. Aos livros o que é só para os livros.

A relação de Benjamin com a menina do bar é um saco. Certamente tem uma grande questão a ser contada em livro futuro, mas é um saco. O Duke é o ponto de diversidade que a autora tentou colocar. Não foi bem trabalhado - nem a questão do problema com sons, nem da sexualidade do cara.

Charles e Hazel tem seus problemas. Muitos problemas. E suponho que a maneira como os amigos lidaram com os indícios de abismo dos dois é bem comum atualmente. Infelizmente. Tragédias anunciadas - a do Charles, porque a da Hazel é o mistério que ficou para o livro deles.

Como eu disse, o livro é mais de 70% embromação. Tanto que a autora jogou um personagem no livro 1 - o John, com quem a Cloud diz pro Ash que tá pensando em  namorar - e o raparigo volta em quase 90% do livro 2. Do nada. Do nada, também, a Cloud "sabe que ele fez de propósito". Para quê? Não sei. Se fosse realmente para desestabilizar o Ash, teria agido antes do jogo, e não depois. Certo?

Achamos que o casal vai brigar - nesse momento, eu revirei os olhos e pensei "faltando tão pouco pra acabar? ninguém merece!". Mas o Ash decide se declarar e questionar os sentimentos da Cloud - sobre os quais, aliás, ele passou o livro inteirinho bem seguro. Meio sem sentido também. Fato é que a briga acaba no chuveiro. Firme, como eu disse acima.

A Cloud é uma personagem muito fraca em termos de construção. Foi mal trabalhada nesse livro. Era melhor no livro 1, perdeu os sentidos e a personalidade no 2 - provavelmente foi a firmeza do namorado fake o que desestabilizou a menina, para não perder a brincadeira. Em termos de mulher moderna etc e tal, onde estão a profissão dela, o futuro dela, os planos dela?
 
Também me incomodou bastante o fato de ela usar e abusar do dinheiro do cara - ao ponto de sair sem a própria carteira. 400 dólares de calcinha e sutiã, ademais, é surreal na economia dos Estados Unidos - especialmente quando ela diz que ele é de família de classe média.

Esperava mais da tatuagem dela - mesmo porque o cara tem quinhentas tatuagens homenageando ela, mega criativas. Faltou um plus nesse momento.

Todo o conflito do livro acontece no final - o problema da vó do Charles, da Hazel, do John, da carreira. Outras questões importantes foram esquecidas, como a relação da Hazel com comida. A autora perdeu uma grande chance de trabalhar, pelo menos, as questões entre os protagonistas, espalhando pistas e deixando ganchos do resto para livros seguintes. Pena.

Enfim, fui até o final - são mais de 700 páginas - porque queria saber quando exatamente a família e os amigos iam perceber que os dois se pegavam até na casa dos pais do cara (não rolou um rala e rola mais contundente na casa dos pais dela), na cama do lado do dormitório, no beliche, no vestiário e onde mais desse. 

Novamente estrelinhas para a Língua Portuguesa. É bem escrito, bem revisado e dá pra passar por cima dos pouquíssimos erros que encontrei. Digitação, provavelmente. Enfim, fecho a sequência de um dos poucos contemporâneos com 5 estrelas da minha lista dando apenas 3 (1 para a Língua bem tratada, 1 para o hot bem narrado, 1 para a dose de emoção do Charles).