Você tem uma irmã mais nova fazendo faculdade. Ela vai morar com você num ap de 3 quartos. Mas você tem um roomate galinha pegador lindíssimo, tatuado e cozinheiro profissional. Você viaja direto, deixando os dois sozinhos. É a ingenuidade alcançando o nível da burrice. Surreal? Sim. Eu, como boa irmã caçula, DUVIDO que meu irmão fizesse isso. Enfim, vamos ao livro.
Haley vai morar com o irmão Tuck e seu amigo-galinha-tatuado-lindo-cozinheiro profissional Cade. Tuck viaja muito, deixando a irmã com o amigo. A relação de Haley e Cade vai florescendo - uma amizade cheia de indiretas, povo andando de boxer pela casa, ele invadindo o banheiro enquanto ela toma banho para fazer xixi e por aí vai. Pipoquinha, filme à noite, massagem no pé...
"Ele me vê como irmã". Falou, moça. Ingenuidade-burrice deve ser coisa de família. E aqui cabe dizer que o livro é narrado em primeira pessoa pela Haley.
Na faculdade, ela se envolve com um perfeitinho que chega a ser chato. Enfim, o rapaz, Adam, se torna incoerente - enquanto personagem. Se ele era o que se mostrou, por que demorou a "agir"? Não faz sentido.
Finalmente o casal protagonista "se pega", demorando capítulos para chegar aos finalmente. São tantas vezes interrompidos que eu cheguei a esperar a autora mandar o clássico desesperador "e se amaram a noite inteira". Em uma série longa de parágrafos que fazem o leitor acreditar que se passou um mês, só passou uma semana.
O irmão descobre - ingênuo e burro, lembram? - e faz o casal terminar.
Haley entra em um ciclo de tristeza que me lembrou a Bella de Crepúsculo vendo o dia nascer e morrer pela janela do quarto. Quando finalmente começa a superar, a grande melhor amiga convida ela para uma festa onde CADE VAI ESTAR COM OUTRA. Oi?!
Blá-blá, o vilão aparece do nada (resgatado do Além), eles sofrem um acidente e tudo muda. O irmão dela decide que o casal se ama de verdade, Cade quer voltar e a mocinha vive o conflito "mas foi tão fácil ele me deixar que não acredito mais nele".
Me perguntei: onde estão a mãe e a vó da Haley quando está hospitaliza da? Sabe Deus.
Até aí, eu ainda estava relativamente gostando e colocando todas as inverossimilhanças na conta da liberdade criativa. Mas o livro - que ia andando relativamente bem, com quase 3 estrelas - desanda. Começo a olhar para o andamento e ele não sai nunca da casa dos 70%. Perde o ritmo e se torna arrastado. Os protagonistas enfraquecem, perdendo as características de personalidade trabalhadas antes, e parece muitíssimo que há um esticamento da obra. O que era para ser um "eu amo você, consegui um emprego melhor, casa comigo" se torna18 meses separados. O conflito é frágil - a mentira está na cara e na fala da personagem. Eles se reencontram e a resolução do problema é ainda mais fraca, ao ponto de a mocinha praticamente implorar pelo amor do cara em um almocinho de sanduíche e o cara terminar na hora com a namorada para ficar com ela.
Em termos de estrutura, a história se prolongou muito mais do que deveria. Os personagens perderam a identidade, o perfeitinho foi vilanizado no meio caminho e o último conflito (foram uns 3 ou 4 ao longo da trama) foi desnecessário.
As cenas hot são ok, mas ainda bem que foi de graça.